No final do mês de maio, a notícia aterradora chegou. Em resumo, as
emissões de gases que provocam o aquecimento no planeta Terra haviam
ultrapassado a temida marca de 400 partes por milhão.
Mas o que quer dizer isso?
Simplesmente com essa concentração, segundo os experts, o incremento
previsto para a temperatura global para o final deste século será de 2 à
6 graus centígrados, gerando os piores cenários imaginados como por
exemplo: aceleração do processo de degelo, extremos climáticos mais
intensos e freqüentes e todo o cenário típico encontrado no Apocalipse.
Os anjos tocam suas trombetas nos quatro cantos, entoando a abertura
dos quatro selos e com eles libertamos finalmente o Kraken ambiental que
irá nos devorar. Legal, não é? Mas não é filme de terror não! É a realidade!
Lembro bem das aulas que eu dava no final do século passado e início
desse, baseadas em matérias jornalísticas, produzidas sobre documentos
do pentágono que alertavam, durante o período da eleição norteamericana,
quando o candidato republicano obteve seu segundo mandato, que
terrorismo seria fichinha quando comparado com o CAOS que estaria
por vir em conseqüência das mudanças climáticas.
quando o candidato republicano obteve seu segundo mandato, que
terrorismo seria fichinha quando comparado com o CAOS que estaria
por vir em conseqüência das mudanças climáticas.
Infelizmente por miopia, arrogância e soberba, avançamos demais sobre
os recursos naturais do planeta que nos obrigam, mesmo com a crescente
mas ainda tímida consciência ambiental, ultrapassarmos o tão temido
limite.
Estima-se que do jeito que vai, onde quem manda mesmo é a prima rica
da Ecologia, isto é, a metida à besta Economia, chegaremos no atual ritmo
em vinte anos aos 500 ppm e aí sabe-se lá, mais o que irá acontecer e
cada um por si e o senhorio por todos.
Não sou eu que estou falando, mísero biólogo, catador de lixo dos
mangues da região metropolitana do Rio de Janeiro, embrenhado numa
guerrilha quase que solitária em defesa do que sobrou bem como na
recuperação do que é possível recuperar, mas doutores,
pós-doutores disso e daquilo que só fazem monitorar, pesquisar,
criar modelos matemáticos e chegar à conclusão que estamos descendo
ladeira abaixo numa velocidade cada vez mais intensa rumo ao COLAPSO.
pós-doutores disso e daquilo que só fazem monitorar, pesquisar,
criar modelos matemáticos e chegar à conclusão que estamos descendo
ladeira abaixo numa velocidade cada vez mais intensa rumo ao COLAPSO.
Não tenho dúvida que o planeta sempre mudará como tem mudado
desde sua nascença e por isso estamos aqui, mas o custo humano desta
atual mudança será desastroso para a maioria que estiver principalmente
nas zonas costeiras e insulares. Tudo leva a crer que vai ficar tudo debaixo
dágua e os mangues retomarão nos trópicos o que lhes foi tomado
emprestado por algumas centenas de anos.
Apesar da importância dessa informação, não observei nenhuma reação
dos governos nem tão pouco das sociedades humanas. É como se essa
notícia não tivesse nenhuma interação com nossas vidas. É como se
vivêssemos em outro planeta diferente daquele que se vê aquecendo de
forma permanente e onde se queira ou não é nosso único lar.
Entre as notícias da economia da zona do euro que balança, mas não cai,
da nossa economia que não cresce quase nada apesar da inflação e dos
estímulos e em geral das perspectivas da economia mundial à beira de
um ataque de nervos dependente cada vez mais do Dragão Chinês e do
Tio Sam, eu sobrevôo meu quintal que se estende da baía de Guanabara à
baía de Ilha Grande.
Faltando trinta e seis meses para a tal Olimpíada, o cenário ambiental
continua desolador. Por onde se olhe se encontra merda e lixo escoando
por todo lugar em direção às lagoas e baías. Ocupação desordenada tanto
na região metropolitana como nos municípios do sul fluminense. É uma
zona de ponta a ponta que se estende também para dentro dágua.
Na baía de Paraty, dentro da Estação Ecológica de Tamoios, ao menos
70 e poucas embarcações, geralmente traineiras, arrastavam o fundo da
baía desta manhã de segunda-feira da semana do “1/30 de ambiente”,
arrasando a fauna marinha local exclusivamente atrás do camarão. O
resto de vida marinha que vinha na rede era descartado que nem lixo para
a felicidade de gaivotas.Algumas embarcações arrastavam a poucos metros
da praia e das ilhas em áreas de pouquíssima profundidade, adiantando o tal
Apocalipse para inúmeras espécies marinhas, aradas do fundo da baía local.
da praia e das ilhas em áreas de pouquíssima profundidade, adiantando o tal
Apocalipse para inúmeras espécies marinhas, aradas do fundo da baía local.
Fiscalização? O que é isso? Da mesma forma que se continua jogando
merda dia e noite na praia de Botafogo e na marina da Glória como
também em quase toda a baía de Guanabara ao custo de UM BILHÃO
DE DÓLARES, também na baía de Ilha Grande, o espelho dágua continua
sendo a terra de Marlboro, ou casa da mãe Joana, numa verdadeira terra
de ninguém. Até quando meu bom Pai?
E aí o que fazer além de escrever essas breves linhas? Encaminhei entre
uma capivara morta e um jacaré desossado no sistema lagunar, emails ao
MP Federal e às secretarias municipais e estadual de ambiente, solicitando
alguma ação, visando deter o processo de degradação crescente sobre os
recursos naturais ainda existentes.
Enquanto isso os 400 ppm vão subindo sob a batuta do crescimento
econômico sem limites, onde o que interessa é o PIB numa população
humana que não pára de crescer com recursos estratégicos cada vez
menos abundantes para a maioria.
A coisa vai mal e não é devido à falta de dinheiro. É falta de vergonha
na cara mesmo e fica evidente que o senhorio está prestes a tomar
providências, independente de quem esteja na frente.
Pobres crianças, animais e plantas, pois o resto merece mesmo é o
sofrimento diante de tamanha lerdice.
Mario Moscatelli
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